O envelhecimento acelerado da população brasileira fez explodir a procura pelos cuidadores de idosos nos últimos anos. O número de profissionais saltou 547% entre 2007 e 2017, segundo dados da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, o que coloca a ocupação no topo da lista das 20 que mais cresceram no período.
Apesar da oferta, muitas famílias ficam inseguras no processo, uma vez que a profissão ainda não é regulamentada.
“As famílias precisam confirmar se, de fato, o cuidador pretendido tem qualificação e referências para atender seus entes queridos”, explica Adriano Machado, presidente da Associação Brasileira dos Empregadores de Cuidadores de Idosos (Abeci).
A entidade tem o seu próprio processo de seleção que inclui como exigências a conclusão do ensino médio (ou fundamental, caso a família demande profissionais com perfil doméstico), curso de cuidador de idosos, babá ou formação na área de enfermagem, comprovação de experiência com prestação de cuidados domiciliares, em instituições de longa permanência de idosos (ILPI) ou similares por, no mínimo, três meses, além de checagem de histórico criminal, judiciário e de referências profissionais.
A boa notícia é que a procura por cursos de qualificação específico também tem crescido. Em alguns casos, as próprias instituições capacitam os cuidadores, como é o caso do Espaço Convivência, um ambiente geriátrico que combina serviços de assistência à saúde, hotelaria e residência em Brasília.
Para Núbia Brandão, representante comercial do local, esta mudança também se explica pelo maior nível de exigência das famílias. “Hoje existem pessoas da família se capacitando para saber fiscalizar e orientar estes cuidadores”.
Cuidado diário
Há oito anos, Sofia Araújo decidiu contratar uma cuidadora para a tia Maria Ofélia. Hoje com 93 anos, a idosa sofre com a dificuldade de locomoção e Alzheimer.
“Sentimos a necessidade de ter uma cuidadora que pudesse dar mais atenção. Existem os cuidados de higiene, com quedas, o acompanhamento no dentista, mas eu e minha irmã temos outras responsabilidades, não damos conta”, explica Sofia.

Maria Ofélia e a irmã, Sônia, de 74 anos, diagnosticada com esquizofrenia, tornaram-se moradoras do Espaço Convivência. Ali Maria Ofélia é cuidada, de segunda a sexta, por Adriana Cseke nos últimos sete anos.
“Eu já me apeguei. Fico oito, nove horas por dia com ela, que exige cuidados como uma criança, que pode cair e engasgar. O cuidador observa detalhes, como se o xixi está mais escuro, se há alguma coisa diferente”, conta.
A rotina de Adriana com a idosa inclui banho, café da manhã, banho de Sol, troca de roupa e colocar para dormir. E a comunicação ocorre de maneira singular.
“Na refeição, às vezes ela fecha a boca, aí eu reclamo. Se ela não quer comer mesmo eu não consigo. Aí chegamos no quarto e ela dá uma piscadinha, isso já é um pedido de desculpas”, diz a cuidadora.
Comunicação Social da FUNCEF

